quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bom dia! Meu nome é Thainá e tenho 55 anos.
Estou acordada há tempos. Já lavei 3 tapetes, varri a sala e  brinquei com um de meus cachorros, o Thor. Me lembro que , ontem, pensei em alguma coisa muito bacana para escrever aqui. Mas deixei para depois...e agora, não  sei sobre o que seria.
Ao acordar, relembrei de uma antiga canção, dos Saltimbancos.

Estou em férias. Por 15 dias. Vou limpar a casa, ficar mais tempo com minha matilha, mexer em caixas, pastas e relembrar: fotos, bilhetes, desenhos vão me ajudar a traçar uma trajetória ao inverso: para trás, para o que aconteceu e eu guardo, ainda, sob uma fina camada de gelo. Então, ainda posso penetrar...

terça-feira, 19 de abril de 2016

Bom dia!

Oi! Eu sou Thainá. Escrevo nesse blog para lembrar do que esqueci ou esquecerei.
Ontem, meu marido me disse que já não estava feliz comigo, que já não tinha mais nada a ver comigo. Perguntou se eu sentia a mesma coisa e , para meu desconforto, eu não sabia responder. Não sei mais o que sinto pela pessoa que vem com duas tampas na mão, discutir comigo por eu ter deixado as garrafas do amaciante e do sabão em pó, destampadas. Não sei...mas já não o admiro faz tempo.


Do que eu lembro




Meu nome é Thainá. Tenho 55 anos, moro em uma casa com 8 cachorros, 3 gatos e meu marido. Não somos casados legalmente mas, estamos juntos há mais de 10 anos.
Lembro de passagens de minha infância: de estar de mãos dadas com meu padrinho e , com ele, correr para o mar...e me atirar  na água enfrentando o choque da água fria. Enquanto minha madrinha e minha mãe chegavam de mansinho, colocando um pé, sentindo a temperatura e voltando para a areia, se necessário , nós "enfrentávamos o frio " e nos acostumávamos rapidamente com a temperatura da água. Lembro de estar deitada em um sofá, de me esconder enrodilhada em uma rede, em Rio Pardo, lembro de um fusca verde e um passat azul (carros de meu padrinho), de ir à missa todos os sábados, de ficar esperando que sobrasse refrigerante da mesa de domingo dos patrões de minha mãe, para que eu pudesse tomar. E da minha tristeza ao me certificar, algumas vezes, que moscas haviam entrado na garrafa aberta e boiavam na bebida desejada. Olhava minha mãe colocar o refrigerante fora dizendo "esqueceram a garrafa aberta, Doca. com mosca , nem pensar..."
Lembro de ter sido feliz, de ter sido criança, de ser curiosa, de querer saber por que o verde das árvores era tão diferente...eu queria entender o princípio de uma coisa chamada tonalidade...
Lembro que sempre fui bem humorada, ao contrário de minha mãe , que sofria intensamente todas as injustiças que acreditava terem sido , a ela, direcionadas.
Lembro que eu gostava de escrever. E que tinha facilidade... hoje, já não é assim.
Hoje eu escrevo para não esquecer. Porque sei que, assim como  minha avó, como minha mãe , também eu estou trilhando a estrada do esquecimento e futura solidão. Então, antes que esse momento chegue...ao trabalho!