Meu nome é Thainá. Tenho 55 anos, moro em uma casa com 8 cachorros, 3 gatos e meu marido. Não somos casados legalmente mas, estamos juntos há mais de 10 anos.
Lembro de passagens de minha infância: de estar de mãos dadas com meu padrinho e , com ele, correr para o mar...e me atirar na água enfrentando o choque da água fria. Enquanto minha madrinha e minha mãe chegavam de mansinho, colocando um pé, sentindo a temperatura e voltando para a areia, se necessário , nós "enfrentávamos o frio " e nos acostumávamos rapidamente com a temperatura da água. Lembro de estar deitada em um sofá, de me esconder enrodilhada em uma rede, em Rio Pardo, lembro de um fusca verde e um passat azul (carros de meu padrinho), de ir à missa todos os sábados, de ficar esperando que sobrasse refrigerante da mesa de domingo dos patrões de minha mãe, para que eu pudesse tomar. E da minha tristeza ao me certificar, algumas vezes, que moscas haviam entrado na garrafa aberta e boiavam na bebida desejada. Olhava minha mãe colocar o refrigerante fora dizendo "esqueceram a garrafa aberta, Doca. com mosca , nem pensar..."
Lembro de ter sido feliz, de ter sido criança, de ser curiosa, de querer saber por que o verde das árvores era tão diferente...eu queria entender o princípio de uma coisa chamada tonalidade...
Lembro que sempre fui bem humorada, ao contrário de minha mãe , que sofria intensamente todas as injustiças que acreditava terem sido , a ela, direcionadas.
Lembro que eu gostava de escrever. E que tinha facilidade... hoje, já não é assim.
Hoje eu escrevo para não esquecer. Porque sei que, assim como minha avó, como minha mãe , também eu estou trilhando a estrada do esquecimento e futura solidão. Então, antes que esse momento chegue...ao trabalho!